quinta-feira, 25 de abril de 2013

O que é a Dislexia?

O que é a Dislexia?
 A dislexia é uma desordem do foro neurológico, o que significa uma condição centrada no cérebro que, aparentemente, percorre várias gerações de uma família (fator de hereditariedade), parecendo, assim, ter uma base genética. A investigação diz-nos que cerca de 35 a 60% das crianças com dislexia têm ou tiveram um membro da família com a mesma condição.

Assim,a dislexia resulta da forma diferente como o “circuito” cerebral está estruturado no que respeita à linguagem em geral, particularmente à leitura, fazendo com que os indivíduos com dislexia possam estar a usar partes diferentes e menos eficientes dos seus cérebros quando leem.

A Dislexia caracteriza-se essencialmente por problemas na leitura. Quando a pessoa lê, ela pode não entender bem os códigos da escrita. A leitura pode ser lenta, silabada e a pessoa pode ter dificuldades em reconhecer até mesmo as palavras mais familiares.

A Dislexia é inesperada pois não tem uma causa evidente. A pessoa tem inteligência normal, não apresenta doenças neurológicas ou psiquiátricas e não tem alterações significativas auditivas e visuais.

É, portanto, uma situação diferente daquelas dificuldades de leitura decorrentes de outras causas, como por exemplo uma deficiência não neurológica ou uma fraca instrução académica.





A Associação Internacional de Dislexia americana propõe a seguinte definição:

"A dislexia é um dos vários tipos de dificuldades de aprendizagem. É uma desordem específica, centrada na linguagem, de origem orgânica, caracterizada por problemas na descodificação de palavras, refletindo, geralmente, capacidades reduzidas no processamento fonológico.
Estes problemas na descodificação da palavra são geralmente inesperados ao considerar-se a idade ou as aptidões cognitivas; eles não são o resultado de uma discapacidade desenvolvimental generalizada ou de uma perda sensorial.

A dislexia é manifestada por uma dificuldade variável nas diferentes formas da linguagem, incluindo, para além de um problema na leitura, um problema manifesto na aquisição de proficiência na escrita e na soletração."

 
 Possíveis sinais de alerta:

"Se a criança tem problemas na soletração de palavras, tem dificuldade em verbalizar palavras desconhecidas, tem dificuldade em expressar as ideias corretamente, tem dificuldade em expressar-se por escrito e ainda exibir alguns (três ou mais) dos fatores de risco apresentados a seguir, então é possível que ela possa ter dislexia.
Se este for o caso, aconselha-se que ela seja vista por um especialista e/ou especialistas competentes. Alguns fatores de risco a ter em conta:
  • Otites frequentes
  • Atraso na fala
  • Problemas na compreensão da linguagem oral
  • Vocabulário fraco
  • Dificuldade em aprender a correspondência entre sons e letras
  • Problemas na compreensão de que as palavras são constituídas por sons
  • Dificuldade em identificar os sons iniciais e finais da palavra falada
  • Dificuldade em reconhecer, juntar ou separar os sons individuais de palavras
  • Problemas na compreensão de instruções e/ou direções
  • Problemas em rechamar palavras da memória
  • Dificuldade em copiar do quadro ou do livro
  • Dificuldade no reconhecimento de diferenças em letras, palavras ou números semelhantes
  • Dificuldade em descodificar palavras
  • Dificuldade em diferenciar entre letras ou palavras semelhantes (b e d, bota e brota)
  • Dificuldade com a fluência na leitura (ler com facilidade, rapidez e expressão)
  • Dificuldade na compreensão de textos
  • Dificuldade em desenhar e/ou colorir dentro das linhas
  • Dificuldade em segurar um lápis
  • Problemas de direccionalidade (direita/esquerda; em cima/em baixo)
  • Dificuldade na organização de ideias para escrever uma composição
  • Dificuldade em escrever legivelmente tendo em conta os espaços entre as palavras
  • Dificuldade em manter-se nas linhas e em não ultrapassar as margens do papel
  • Outros membros da família tiveram ou têm dislexia"


TIPOS DE DISLEXIA

 Há três grandes tipos de dislexia, referidas por vários autores:
 a dislexia visual (ortográfica ou diseitética), 
a dislexia auditiva (fonológica ou disfonética) e 
a dislexia mista, que é uma combinação das duas anteriores.
 


"Dislexia visual (Ortográfica ou Diseitética)

A dislexia visual caracteriza-se por um conjunto de problemas relacionados com a sequência, ou seja, com a incapacidade de sequenciar eventos ou coisas. Por exemplo, a criança com dislexia visual tem dificuldade em sequenciar as letras do alfabeto e as letras nas palavras, os dias da semana e os meses do ano, os eventos de uma história por uma ordem definida ou, até, em seguir instruções relativamente simples quer elas sejam verbais quer sejam dadas por escrito. 
Apresenta ainda problemas de discriminação visual, confundindo letras e palavras parecidas, revertendo-as por vezes. São de isso exemplo as trocas de bês por dês ou ato por ota.
A escrita da criança com dislexia visual tende a ser inconstante, apresentando letras de tamanhos diferentes, omissões, rotações, reversões, emendas e rasuras frequentes. 
Também os desenhos que ela faz aparentam muitas vezes imaturidade, faltando-lhe pormenores essenciais.

Dislexia auditiva (Fonológica ou Disfonética)

A criança com dislexia auditiva tem problemas com certas funções auditivas intra-sensoriais, tendo dificuldade, por exemplo, em distinguir as unidades de som da linguagem, sendo-lhe difícil, portanto, transformá-las em palavras ou, vice-versa, pode não conseguir dividir uma palavra nas suas partes mais simples (sílabas). Tem ainda problemas em relacionar os sons da palavra com a palavra escrita, ou seja, relacionar o fonema com o grafema. Soletrar é também uma tarefa difícil para uma criança com dislexia auditiva.
A criança com dislexia auditiva apresenta problemas na discriminação auditiva, tendo dificuldade em diferenciar letras e palavras cujo som é parecido. Por exemplo, pode confundir o som do m com o do n, as letras b, d, t, p e g, não perceber que os sons iniciais e finais de palavras são iguais (berço e barco, casa e brasa), trocar a ordem das consoantes (calmo, clamo), confundir os dígrafos (telha, tenha), não perceber as rimas (quando lhe é pedido para dizer palavras que rimem com gato, poderá responder, goto ou sapo, ou mesmo inventar palavras sem significado, zato ou sato).A criança com dislexia auditiva pode ainda apresentar problemas na memória auditiva. Finalmente, no que diz respeito à escrita, a criança com dislexia auditiva tende a escrever muito devagar, rasurando muito o texto, devido à sua insegurança em soletrar as palavras.

Dislexia mista

A criança com dislexia mista tende a apresentar comportamentos associados a ambas as áreas, visual e auditiva, ou seja, alguns problemas são de ordem auditiva ao passo que outros são de ordem visual.
Com que idade pode ser feito um diagnóstico de dislexia? Quais os profissionais que fazem esse diagnóstico?
Podemos suspeitar a presença da dislexia desde cedo, principalmente na época da alfabetização, quando a leitura e escrita são formalmente apresentadas à criança. 

Para um diagnóstico mais preciso sugere-se que seja feito a partir do 3º ano, após três anos de aprendizagem da leitura. Mas havendo sinais de dificuldades nas áreas de linguagem, um atendimento adequado deve ser iniciado antes mesmo da alfabetização.

Os profissionais que podem realizar este diagnóstico são os Terapeutas da Fala trabalhando conjuntamente com os psicólogos especializados no assunto. Quando necessário, podem ser solicitados exames complementares (neurológico, neuropsicológico, processamento auditivo central, neuroftalmológico)."



CONSELHOS:
 
"No que respeita aos professores, é bom que se compreenda que “não há nenhuma criança que não deseje aprender” e, por conseguinte, os problemas que uma criança possa apresentar nas áreas da leitura, escrita e soletração, para além de outros problemas inerentes às características da dislexia, não devem ser penalizados mas compreendidos. 
Assim, a escolha de estratégias e atividades consonantes com os objetivos das intervenções, efetuadas individualmente ou em pequenos grupos, pode ser essencial para o sucesso da criança. 
Também, pôr a ênfase nas capacidades, sem, com certeza, descurar as necessidades é um caminho a ter em conta. Uma forma de o fazer é considerar uma lista de capacidades e interesses com base na avaliação e, a partir deles, elaborar um programa de apoio sólido tendo em conta essas áreas de interesses e de aptitude.
No que concerne aos pais, devem aceitar e tolerar o facto de o vosso filho ter dislexia e nunca criticá-lo, uma vez que ele não tem qualquer tipo de culpa quanto à sua situação. 
Os estádios de frustração e culpabilidade, tantas vezes característicos nestes casos, devem dar lugar à compreensão e apoio. É bom que estejam em consonância com a escola e, sempre que possível, apoiem o vosso filho (a) de acordo com as intervenções consideradas em que, com certeza, figuram diretrizes para os pais. Se verificarem que o vosso filho (a) não está a empenhar-se como devia, solicitem uma reunião na escola para, com os professores, poderem decidir qual o melhor caminho a seguir. 
Se o vosso filho tirar más notas, mas se verificarem que ele está a esforçar-se, não devem castigá-lo, seja de que forma for. Contudo, é importante que o vosso filho (a) não questione a vossa autoridade com base na sua situação. Como membro da família, ele deve saber respeitar as regras estabelecidas e comportar-se em conformidade. 
Finalmente, caso verifiquem que ele não está a ter sucesso académico e socioemocional, então devem considerar os serviços de especialistas competentes na área da dislexia."

Fonte:  http://www.ipodine.pt/dislexia.php

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