quinta-feira, 14 de março de 2013

Terapia da Fala e Necessidades Educativas Especiais



O Terapeuta da Fala é um profissional de saúde responsável por pesquisa, prevenção, avaliação, intervenção, aconselhamento e estudo científico na área da comunicação humana e perturbações associadas, verbais e não verbais, voz, sistema nervoso e órgãos sensoriais, musculatura facial, articulação verbal, linguagem, leitura e escrita, gaguez e patologias diversas.
Neste momento vive-se em Moçambique um despertar da atenção para o atendimento à pessoa com deficiência, nas mais diversas esferas da sociedade. No caso em particular da educação o país está a empenhar esforços para melhorar a estratégia da educação inclusiva, para a qual necessita de contar com técnicos especializados que apoiem os professores no atendimento à criança com necessidades educativas especiais[1].
A Terapia da Fala, como meio de intervenção específico para a Comunicação, Linguagem, Fala e Deglutição, surgiu nos Estados Unidos da América (EUA), para reabilitação dos soldados de duas guerras dos EUA (II Guerra Mundial e Vietname). Era uma terapia virada para a recuperação de capacidades perdidas em utentes adultos e virada essencialmente para a recuperação da Fala.
Resultado da evolução das práticas e da investigação, passou a adoptar-se uma perspectiva holística e integrativa que aborda o indivíduo na dimensão da comunicação e não só na fala, que é apenas uma das vertentes da comunicação humana.
A Comunicação Humana existe desde sempre e os homens das cavernas, com seu cérebro rudimentar, comunicavam através de gestos, posturas, gritos e grunhidos, assim como os demais animais não dotados da capacidade de expressão mais refinada.
A evolução ditou que o homem aprendesse a relacionar objetos de uso diário e a criar utensílios para caça e proteção. Estes conhecimentos terão sido passados aos seus pares, através de gestos e repetições, criando assim, uma forma primitiva e simples de linguagem.
Com o tempo, essa comunicação foi adquirindo formas mais claras e evoluídas, facilitando a comunicação não só entre os povos de uma mesma tribo, como entre tribos diferentes. As primeiras comunicações escritas (desenhos) de que se têm notícias são das inscrições nas cavernas 8.000 anos a.C.
Assim o âmbito da intervenção do TF abarca todos os aspectos da comunicação humana, oral e escrita.
Em Moçambique e nas restantes ex-colónias Portuguesas a Terapia da Fala é uma área nova. Ao longo da História e após a libertação nacional, a tónica foi sempre dada às questões físicas, mais visíveis na avaliação das necessidades. Posteriormente foi necessário dar resposta a casos de traumatismos crânio encefálicos e outros com comprometimentos em funções comunicativas e deglutição, mas sem recursos humanos especializados. Os recursos sempre foram escassos e a reabilitação acontecia essencialmente com tónica na componente motora e em parte na componente social, essencialmente pela contribuição das organizações e congregações religiosas a operar no país.
Assim, o Terapeuta da Fala será o profissional adequado para:
 
  • Desenvolver competências para apoiar os indivíduos a desempenharem actividades funcionais, de comunicação, autonomia e participação social com qualidade de vida e dignidade;
  • Utilizar o processo de prevenção, avaliação, intervenção, orientação e encaminhamento, sempre que possível numa dinâmica de trabalho em equipa com outros profissionais e famílias;
  • Iniciar o processo de prestação de serviços de Terapia da Fala pela avaliação das necessidades, problemas e preocupações do paciente/cuidadores, aplicação de instrumentos de avaliação formal e informal, elaboração do plano de intervenção e orientações aos interlocutores privilegiados do paciente e/ou outros profissionais da Saúde, Educação e/ou Acção Social.
  • Utilizar técnicas de metodologias de intervenção fundamentadas e sistematizar toda a informação obtida ao longo do processo, mantendo um espírito de investigação sobre novas forma de avaliação e de intervenção;
  • Identificar e actuar sobre as necessidades de formação contínua como função de crescimento e manutenção de competências profissionais;
  • Elaborar um trabalho de pesquisa individual ou em grupo com vista a uma melhor compreensão dos problemas inerentes à área de Terapia da Fala;
  • Colaborar na administração e gestão do departamento onde está integrado;
  • Colaborar na formação de pessoal da saúde;
  • Desenvolver acções de sensibilização, de esclarecimento e de aconselhamento junto dos utentes e seus familiares, de outro pessoal da saúde e da comunidade em geral;
  • Planear e executar programas de intervenção utilizando, entre outros meios, técnicas específicas de desenvolvimento de competências comunicativas, de reeducação da musculatura oro facial, de processamento auditivo, de modificação comportamental, de reeducação pneumo fónica, de auxílio à deglutição atípica e outras.
  • Colaborar na identificação e resolução dos problemas da comunidade relativos à deficiência, à incapacidade e à inadaptação.
  • São profissionais que poderão exercer as suas actividades de Terapia da Fala em instituições Educativas, Serviços de Acção Social, Departamentos de Investigação e Ensino e Unidades Sanitárias de complexidade variada, desde o nível primário até ao quaternário, tais como: Hospitais Centrais e especializados; Hospitais Provinciais; Hospitais Gerais e Rurais; Centros de Saúde; Clínicas Privadas; Centros de Reabilitação especializados; Centros de Acolhimento de pessoas com deficiência; Escolas Inclusivas; Escolas de educação especial; Lares de terceira idade; Orfanatos; Creches ou Infantários; Ensino e investigação em instituições do ensino médio e superior; Instituições particulares de solidariedade social; Hospitais Militares; Cuidados Domiciliários e intervenção comunitário


[1] Perfil Profissional dos Terapeutas da Fala elaborado pelo C.P.L.O.L. (Comité Permanent de Liaison des Orthophonistes-Logopèdes de L’Union Européénne).

Sem comentários:

Enviar um comentário