quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Retirado de:http://comunicacaoaa.wordpress.com/paralisia-cerebral/ 

Paralisia Cerebral

Filme “O meu pé esquerdo” (My Left Foot)
Ano: 1989
 Áudio: Inglês
Legendas: Português
Duração: 103 min.
A história real do escritor irlandês Christy Brown que, apesar de sofrer de paralisia cerebral desde bebê, conseguiu provar ao mundo que tinha inteligência e talento. Oscars de melhor ator para Day-Lewis e de melhor atriz coadjuvante para Brenda Fricker.

Durante nove meses, o bebé cresce no ventre da mãe. Uma maravilha da natureza acontece, passado esse glorioso tempo de gravidez. O dia do parto vai-se aproximando com cada movimento do bebé. Surge uma alegria incontida de um novo ser que prolonga a nossa existência e que vai perpetuar as nossas características na família, por o outro lado o peso de uma responsabilidade com a interrogação se a natureza o vai dotar ou não de condições normais para se desenvolver.
Noves meses passam, as dores do parto surgem, o bebé nasce. Mas, a grande maravilha da natureza esconde por vezes alguns mistérios e a realidade de um bebé “diferente” aos poucos vai sendo exposta perante os pais.
A família é o primeiro núcleo social em que a criança se integra após o nascimento, aprendendo e formando as suas características pessoais e sociais futuras.
“Quase todos os médicos que me viram e me examinara rotularam-me como um caso interessante mas sem esperanças. Muitos disseram à minha mãe, com delicadeza, que eu era deficiente mental e que seria assim. Foi um grande choque para uma jovem mãe que já tivera cinco crianças saudáveis. Os médicos estavam tão certos do que diziam que a fé de minha mãe em mim parecia quase uma impertinência. Asseguraram-lhe que nada poderia ser feito por mim.
Ela recusou-se a aceitar a verdade inevitável – como então parecia – de que eu não tinha esperanças. Ela não podia e não acreditaria que eu era um imbecil, como os médicos afirmava. Não havia nada nesse mundo em que pudesse se basear, nem uma mínima evidência para apoiar a sua convicção de que, embora o meu corpo fosse aleijado, a minha mente não era. Apesar de tudo que os médicos lhe disseram, ela não podia concordar. Não creio que soubesse por quê – apenas sabia, sem que a menor sombra de dúvida lhe passasse pela mente.”
 (Brown in Buscaglia, 1993, pag. 91).
Histórias como a de Christy Brown constituerm verdadeiras provas de vida. Com este tipo de histórias aprendemos a superar barreiras, a superar as maiores adversidades e realizar, concretizar o impossível, merecendo assim o reconhecimento e atenção de todos.
 Filho de uma humilde família, Christy nasce portador de paralisia cerebral que lhe afecta todos os movimentos do corpo, com a excepção do pé esquerdo. E é através desse pé que ele nos transmite as suas frustrações, as suas desesperanças, sentimentos de desamparo bem como as suas alegrias, triunfos e descobertas pessoais.
Os problemas que uma deficiência acarreta constituem-se complexos, arrasadores e exaustivos, não só para a própria pessoa como para a família também. No decorrer do filme podemos destacar o vínculo familiar existente e decisivo para a auto-estima de Christy.  
Comparando experiências de pessoas que tiveram influências da família, podemos encontrar aspectos positivos, significativos, produtivos, mas também negativos, traumáticos e até destrutivos. No caso de Christy, a família foi uma força determinante para o seu crescimento em termos de educação (o ensino, as aprendizagens); de formação da sua personalidade (o seu humor, a sua auto-estima, as suas relações interpessoais); das emoções (alegrias, tristezas, angústias, frustrações); na evolução social (as brincadeiras, o apoio dos irmãos, a discriminação da sociedade), entre outros.
Cada família atribui um significado à deficiência, que é influenciado pelo seu nível sócio-cultural, pelo seu carácter, sua personalidade e pela capacidade de adaptação de cada um dos elementos familiares e pelas suas experiências pessoais vividas.
Numerosos autores discutem as etapas pelas quais os pais de crianças portadoras de deficiência passam, desde negação, raiva, depressão e aceitação. No meio de tantos sentimentos (culpa, vergonha, medo, rejeição) quantas vezes contraditórios, sobressai o medo, responsável, em certos casos, por um afastamento parental. Medo porque não compreendem, porque não sabem lidar com os problemas e sentimentos do seu filho portador de deficiência, medo de errar.
Sendo essas etapas situações normais, tanto mais que são sentimentos comuns a todos nós, e por assim ser, os pais têm tendência a criar mecanismos psicológicos de defesa que lhes permitem adiar, momentaneamente, a percepção da realidade. Para, com isso, terem tempo de se preparar e encarar os seus verdadeiros sentimentos em relação à família, ao filho portador de deficiência e à própria deficiência. 
Para além de lidar com pressões internas, a família também tem que lidar com pressões externas, a sociedade em si. As diferenças que a sociedade inculta desde insensibilidade, falta de conhecimento, repulsa, rejeição e preconceito, apresentam repercussões no desenvolvimento da criança com deficiência, como aconteceu no caso de Christy. Daí que a família actue como mediadora assumindo atitudes e necessidades de protecção, defesa e luta pelos seus direitos e os da pessoa com deficiência.
Para que as pessoas com deficiência tenham as mesmas oportunidades que os ditos “normais ” devem ter acesso a uma educação o mais dinâmica e acessível possível, voltada para vida, sentindo e vivendo todas as emoções que a vida revela. Tal como as outras pessoas, necessitam de ser “instruídos no uso das suas capacidades, para que adquiram uma percepção mais acurada da realidade, através da exploração do mundo à sua volta e das suas próprias descobertas. Devem ser informados a respeito da mina oculta de seu potencial, não apenas para serem o que são, mas para que sempre busquem meios de ir além de seu eu presente.” (Buscaglia, 1993, pag. 189, 190). Explorando o mundo, exploram as suas capacidades afectivas desde trocar sentimentos, emoções; partilhar discussões, preocupações; receber e dar elogios, reprimendas; aceitar e expressar a sua individualidade; tentar, conseguir e falhar; rir e chorar; sentir prazer e sofrimento; sentir tudo aquilo que faz parte do processo de formação de uma pessoa.
Tal como Christy, as pessoas portadoras de deficiência amam, transmitem sentimentos de amor. E não só sabem amar, com se revoltam pelo direito de terem um amor como qualquer outra pessoa. E é acreditando fielmente nesse amor, nessa entrega total ao sentimento de amar que acabamos por encontrar alguém que retribui os nossos sentimentos. Protagonista da sua própria vida, Cristy soube valorizar e ser valorizado, respeitar e ser respeitado dentro das suas limitações.
Tendo patente que qualquer criança é educável, independentemente de possuir deficiência ou não, também temos consciência do contributo da escola para aumentar o seu conhecimento sobre o mundo em que vivem para se tornarem independentes e auto-suficientes, assim podendo dispor e controlar a sua própria vida.
No caso de Christy, a escola foi em casa, os professores e colegas foram os seus irmãos.
Variando com as diferentes culturas e com o decorrer dos séculos, as atitudes com as pessoas diferentes sofreram várias alterações. A Educação Especial apresenta um percurso em constante mudança. Da situação em que a criança com Necessidades Educativas Especiais (NEE) era excluída do seu contexto sócio-educativo, passámos para uma nova realidade: a inclusão. Nessa realidade tornou-se evidente a preocupação em dar resposta a todas as crianças com NEE.
Correia (1992: 56-57) refere que na educação dessas crianças é o ensino que permite o desenvolvimento das suas aptidões, possibilitando, deste modo, a maximização do seu potencial.
Assistiu-se, pois, a uma progressiva inflexão na percepção relativamente à criança diferente da dita normal.
A Educação Especial centra a sua actividade na aplicação de um vasto conjunto de estratégias pedagógico-educativas que pretendem promover “o desenvolvimento e a educação do aluno utilizando todo o seu potencial – físico, intelectual, estético, criativo, emocional, espiritual e social – ajudando-o a viver como cidadão válido, autónomo e ajustado.” (Sanches, 1995: 15).
A adequação da prática educativa e o estabelecimento de relações interpessoais empáticas podem contribuir para a promoção desse desenvolvimento, de modo a que o atendimento proporcionado às crianças com NEE as encaminhe no sentido do sucesso educativo. Daí que a atitude e a qualidade científico-pedagógica dos docentes se torne relevante. Aos educadores é exigido o desenvolvimento de uma pedagogia centrada na criança e adaptar-se às hipóteses estabelecidas quanto ao ritmo e natureza dos processos de aprendizagem (Declaração de Salamanca, 1994).
No entanto, a inclusão continua a ser um assunto polémico, pois as transformações necessárias ao processo estão de certa maneira dependentes da formação dos educadores, professores e dos recursos técnicos. Colocar a criança num ambiente o “menos restritivo possível” (Correia, 1997: 19) e fornecer-lhe serviços especiais, exige novas leis e implica modificação de edifícios e aquisição de novos materiais. Além disso, crê-se que a inclusão passa sobretudo por uma alteração de mentalidades e de atitudes. E estejam pais, educadores, professores, governantes e população em geral tantas vezes resistentes a esta mudança, este é um processo contínuo, que se encontra ainda numa fase inicial de transformação.
Para adquirir o filme “O meu Pé Esquerdo” bem como outros filmes ligados às Necessidades Educativas Especiais acedam ao site: http://www.filmeseducativos.com/

Bibliografia
* BUSCAGLIA, L. Os deficientes e seus pais: Um desafio ao aconselhamento. Editora Record: Rio de Janeiro,  1993.
* CORREIA, L. M.. A aprendizagem num contexto de Necessidades Educativas Especiais. Revista – A Razão. Julho/Agosto/Setembro: 56-57. 1992
* CORREIA, L. M. Alunos com Necessidades Educativas Especiais nas classes regulares. Porto Editora: Porto, 1997.
* SANCHES, I. R. Professores de Educação Especial. Porto Editora: Porto, 1995.

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