quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

A Medicina Tradicional e a Saúde Mental em Moçambique: (dez) encontros (?)






Rómulo Muthemba
Psicólogo Clínico



Medicina tradicional
Resumo

O presente ensaio pretende colocar em diálogo criativo e transformador duas realidades essenciais para a saúde: a medicina tradicional e a saúde mental. Deste modo, ambicionamos tirar ilações sobre as suas vicissitudes e complementaridades, de forma a reduzir o fosso existente  e  que  não  contribui  para  uma  abordagem comunicativa entre dois mundos próximos, mas também distantes.
 Numa primeira abordagem tentámos contextualizar e situar as duas realidades, definindo o seu campo de acção e métodos. 

Posteriormente, ousámos confrontar em diálogo as duas realidades, dando ênfase não aos aspectos meramente consensuais, mas àqueles que os problematizam e os dividem... é nesta experiência de comunicação que encontrámos alguns subsídios para exteriorizar o nosso pensamento, imaginário estimulado pelas constatações e discussões  permanentes  entre  o  que  é  da  ordem  do interno  e  o  externo,  objectivo  e  subjectivo  –  tentámos assim contribuir, através de uma reflexão aberta para uma melhor compreensão da subjectividade e elasticidade do psiquismo do ser humano. 

Subjectividade que deve ser abordada como tal, respeitando a sua natureza e complexidade, e não com determinismos científicos, culturais ou espirituais – mas sim num reconhecimento baseado no encontro e comunicação permanentes.

Fazemo-lo com a perspectiva de que os factores socioculturais exercem uma influência decisiva, nalguns casos na incidência, noutros na patologia das perturbações mentais e do
comportamento.

A dimensão do diálogo não se esgota apenas nestes “10 encontros” como “erradamente” poderá parecer, estende-se para muitos e outros encontros possíveis, imaginários a serem explorados e discutidos no futuro, quando a nossa experiência, sabedoria e conhecimento o permitirem.

Palavras-chave: Saúde mental, medicina tradicional, diálogo e complementaridade.
Abstract
This essay aims to bring together a creative and transforming dialog about two essential realities on health issues: medicine man and mental health. Therefore, we grand to make inference on its circumstances and complementarities, in order to reduce the gap between them which does not contribute to a communicative approach between two closed and distant worlds. As first approach,
we try to set the background and locate these two realities, defining their methods and working area.
Afterwards, we goad to  tackle a dialog between the two realities, postponing the consensual aspects and focusing  on  issues  that  are  controversial  and  divide them… it is in this communication experience that we find contribute  to  bring  out  our  reflection,  and  imagination,
stimulated  by  outcomes  and  permanent  discussions about intern and extern, objective and subjective – trying to contribute, trough a wide reflection for a better comprehension of subjectivity and elasticity of human psyche.
Subjectivity  that  must  be  discussed  as  such, respecting  the  nature  and  complexity,  against  the
scientific,  cultural  and  spiritual  determinisms  –  using knowledge based on confluence and permanent communication.
On doing so, we expecting that both social and cultural issues have an important influence, on incidence in some cases, and on pathology of mental and behaviour disorders.
The extension of the dialog does not fit only in these “10 meetings” as it seems to be. It opens space to countless other possible meetings to be explored and discussed in the future, as our wisdom and knowledge allow.



1. Contextualização – Saúde Mental  Saúde mental é considerada pela maior parte da população Moçambicana, incluindo a dotada de escolaridade, como uma área da medicina que se dedica ao tratamento de doentes mentais ou “malucos” como vulgarmente e “erradamente” se diz.
Para os profissionais de Saúde, esta é considerada uma área mais abrangente e que abrange não
só dimensões de tratamento do doente mental, mas também alarga-se a abordagem do bem estar, prevenção,  tratamento  e  reabilitação  de  sujeitos  com doença mental ou pessoas com problemas (dificuldades)  psicológicos,  de  comportamento  e  dificuldades  que  podem  afectar  a  sua  vida  pessoal, afectiva, relacional, profissional e social.
Deste  modo,  a  Saúde  mental  tem  que  ser definida  no  contexto  actuante  bio -psico-social,
enquadrando, obviamente a componente cultural e saiba como ler todo o artigo aqui 
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