Aconteceu no passado mês de Outubro uma monitoria e supervisão integrada
DSF/CREI/DPEC às actividades nas 26 escolas inclusivas do projeto.
Na comunidade
escolar envolvida no projecto deparamo-nos com uma maioria de professores do
sexo feminino, numa proporção de 67 para 33%. Esta proporção inverte-se quase
em espelho quando analisamos a questão de género na chefia, sendo que
encontramos apenas 36% de mulheres em cargos de direção de escola ou direção
pedagógica.
Na amostra de
7 escolas visitadas, foram referidas 39
turmas inclusivas nas classes iniciais, das quais 19 da 1ª classe e 20 da 2ª
classe. Neste conjunto de turmas foram identificadas 102 crianças com
Necessidades educativas especiais (NEEs), por parte dos seus professores, das
quais 49 a frequentar a 1ª classe e 53 a frequentar a 2ªclasse, ocorrendo maior percentagem de casos do género
masculino (57%).
Analisando as
dificuldades apontadas pelos professores das escolas/turmas consultadas,
podemos resumir na seguinte tabela:
Falta mais
formação aos professores
|
Dificuldades
em lidar com os encarregados de educação
|
Dificuldades
em lidar coma s crianças com NEEs
|
Dificuldade
em adaptar provas de avaliação
|
Turmas sobrelotadas
|
Instabilidade
nas colocações do corpo docente
|
Tabela1 – Dificuldades apontadas pelos
professores
Se compararmos estes dados com aqueles recolhidos durante
o 2º módulo de formação em Julho de 2012 encontramos alguns aspectos que se
repetem, nomeadamente os que estão relacionados com:
- Formação
- Lidar com pais
- Adaptar materiais e estratégias
Entendemos assim que podemos
diferenciar estas dificuldades em diferentes níveis e esperar que o projeto
consiga efetivamente intervir para um impacto significativo nos 3 níveis,
nomeadamente através das ações de:
- formação em
grande grupo com os professores;
- observação
de aulas, counselling (aconselhamento)
e estudo de casos nas escolas pelos técnicos dos Gabinetes de Atendimento para
a Inclusão (GAI);
- grupos de
ajuda mútua com pais.
Observamos que em todas as escolas valorizam a
importância de se desenvolver um trabalho consistente com os encarregados de
educação e até ao momento em todas as
escolas foram realizados encontros com eles para sensibilização e/ou anamnese.
Até ao início do próximo ano lectivo serão constituídos os grupos de pais em
cada escola, que serão facilitados por um elemento da equipa dos GAI e pelo
professor de saúde escolar.
Podemos afirmar que estes dados confirmam o diagnóstico
de necessidades que realizamos inicialmente e que apoiou a concepção deste
projecto quando foi delineada uma ação sistémica com diferentes atores e em
diferentes contextos e eixos de intervenção (direta e indireta).
No que diz respeito à descrição dos casos, com base na
utilização e fichas de anamnese, fichas individuais do aluno, avaliações e
observação nas aulas e no recreio, os professores caracterizaram as crianças
com NEEs das suas turmas, de acordo com as seguintes problemáticas:
problema mencionado
|
n
|
audição
|
5
|
visão
|
5
|
fala
|
15
|
comunicação
|
7
|
aprendizagem
|
44
|
comportamento
|
14
|
leitura e escrita
|
43
|
mental
|
10
|
físico motor
|
6
|
memória
|
2
|
atenção/concentração
|
6
|
psicologico
|
21
|
socialização
|
10
|
suporte familiar
|
6
|
Tabela 2 – Lista de
problemáticas
Devemos considerar que esta categorização
não observou um padrão consistente e claro na designação do campo conceptual de
cada problemática. Aparentemente os professores apresentam muitas dificuldades
sobre a compreensão do desenvolvimento da criança, áreas e componentes.
Relativamente aos GAI, em 5 das 7 escolas visitadas já
existe uma sala para o gabinete de atendimento ou foi reabilitada pelo projeto.
Das 2 restantes 1 encontra-se em fase de finalização e a outra estão com
dificuldades em adquirir material local para a sua construção.
Os GAIs necessitam ainda de um kit de material pedagógico que será adquirido até ao início do
próximo ano lectivo. Entretanto foi entregue um dossier a cada escola para
agregar todos os documentos da educação inclusiva, facilitando a organização e
consulta. Iniciou-se também a distribuição do vídeo educativo para as 26
escolas.
Das 7 escolas visitadas em apenas 1 os professores que
participaram nas formações não realizaram uma réplica para o restante corpo
docente da sua escola. De facto este foi um aspeto muito positivo e de
importância realçada pela Sra. Amélia Muchate da DPEC para que os professores
possam sempre replicar a sua formação em
educação inclusiva nas suas escolas e ao nível das ZIPs, nomeadamente
durante as jornadas pedagógicas.
Ao nível das estratégias
pedagógicas aquelas que os professores indicaram ter introduzido nas suas
aulas, após as formações foram:
- simplificação
das tarefas
- aumentar o
tamanho das letras e números apresentados
- planificar
actividades diferentes e agrupar a turma em 4 grupos de trabalho
- colocar o
aluno perto de outro aluno que o possa auxiliar
Em resultado desta monitoria e supervisão evidenciaram-se
algumas recomendações, tais
como:
Tabela 3 - Recomendações
É recomendado elaborar um manual de apoio
com estratégias e dicas concretas para o próximo ano;
|
Continuar a troca de experiências de
educação inclusiva nas jornadas pedagógicas das ZIPs a ao nível interno em
cada escola
|
A escola deve tentar negociar para que os
seus professores não sejam transferidos no final de cada ano, principalmente
durante este projecto
|
A assistência das aulas pelos técnicos dos
GAIs é fundamental
|
Envolver os professores de saúde escolar na
facilitação dos grupos de ajuda mútua com pais, para garantir continuidade e
regularidade nesta ação.
|
Sempre que necessário envolver a acção
social na abordagem a famílais problemáticas e vulneráveis.
|
É recomendável que os professores preparem
casos para discutir nas formações com os colegas
|
Foto1 - GAI em construção com material local
Foto 2 - Sala remodelada para GAI
Foto 3 - Pormenor de livro de uma criança da 2ª classe
Foto 4 - Pormenor de caderno de uma criança da 2ª classe