quinta-feira, 14 de março de 2013

A Escola é um lugar especial!

O Projeto: A Escola é um lugar especial! conta assim com um Terapeuta Ocupacional na equipa multiprofissional que faz o acompanhamento das escolas inclusivas e apoio ao CREI, assim como um Terapeuta da Fala em apoio técnico ao projeto, parceiros, implementadores e beneficiários.

Nesta última área em específico, o Terapeuta da Fala pode contribuir quando, de modo geral, existe uma criança ou adulto que apresenta um ou mais do que um dos seguintes sinais de alerta:

CRIANÇAS:
> Tem dificuldade de compreensão?
> Não consegue dizer ou troca alguns sons?
> Grita muito e fica rouco frequentemente?
> Quando fala bloqueia ou repete os mesmos sons/palavras?
> Comete muitos erros quando lê ou escreve?
> A criança usa outras formas de comunicar que não a fala?
> A criança tem dificuldades de audição?
> A criança tem dificuldades de deglutição (engolir ou mastigar)?

ADULTOS:
> Não compreende pedidos?
> Não se consegue expressar?
> Fica rouco com frequência?
> Tem medo de falar porque gagueja?
> Tem dificuldade em dizer algum som enquanto fala?
> Tem dificuldade em mastigar e/ou engolir?


Terapeuta Ocupacional

PERFIL
O terapeuta ocupacional é um profissional da área da saúde cuja abordagem assenta no reconhecimento da
relação entre as actividades e ocupações que as pessoas fazem no dia a dia e a sua saúde e bem-estar.
O terapeuta ocupacional intervém por forma a habilitar as pessoas para participarem com sucesso nas
actividades do dia a dia, promovendo dessa forma a sua participação na sociedade. Este envolvimento
ocupacional satisfatório tem um impacto positivo na saúde e no bem-estar da pessoa e dá sentido à sua vida. No contexto actual, os terapeutas ocupacionais, para além de focarem a sua acção nos factores individuais de cada pessoa, estão cada vez mais envolvidos no estudo e na promoção dos factores sociais, políticos e ambientais que contribuam para a inclusão e participação ocupacional.
Para tal o terapeuta ocupacional deve ter conhecimento das políticas de saúde nacional e internacional e contar com ferramentas necessárias para organizar, administrar, planificar, programar, supervisar e controlar a gestão dos serviços de Terapia Ocupacional, actuando de acordo com os princípios éticos da profissão.

PERFIL PROFISSIONAL
O TERAPEUTA OCUPACIONAL DEVE SABER
a) A legislação em vigor em Moçambique no âmbito da prestação de cuidados de saúde, sociais e educacionais ;
b) Principais necessidades sociais, de saúde e educacionais da população moçambicana e o seu impacto no desempenho e envolvimento ocupacional;
c) O perfil ocupacional da população Moçambicana;
d) Reconhecer e explicar a relação entre ocupação, saúde e bem-estar

TERMOS DE REFERÊNCIA DO TERAPEUTA OCUPACIONAL

e) Estruturar uma avaliação da dimensão ocupacional da pessoa, por forma a reconhecer situações ou potenciais riscos de disfunção ocupacional, identificando assim os potenciais clientes para a terapia ocupacional
f) Desenvolver uma prática reflexiva baseada na evidência e suportada pelo raciocínio inerente aos modelos da prática da Terapia Ocupacional
g) Quais são os factores da pessoa, do ambiente e/ou da ocupação que podem estar na origem da disfunção ocupacional
h) Enquadrar e justificar metodologias de intervenção centradas na pessoa e na ocupação e suportadas pela evidência
i) Organizar, gerir, planificar e controlar a qualidade da prestação de serviços no âmbito da saúde, educação e apoio social;
j) Normas deontológicas e éticas que norteiam o exercício da profissão de saúde em geral e a abordagem do Terapeuta Ocupacional em particular;
k) Regras de civismo, cortesia e empatia no relacionamento com os clientes;

O TERAPEUTA OCUPACIONAL DEVE SABER FAZER
1. Em Geral
Estabelecer uma relação terapêutica com os clientes, assente nos princípios éticos e deontológicos
a) Elaborar o perfil ocupacional completo do cliente;
b) Fazer uma avaliação do cliente, utilizando métodos estruturados e não estruturados;
c) Registar e interpretar todos os dados da avaliação em todas as etapas do processo terapêutico;
d) Realizar um acompanhamento terapêutico dos casos em todo processo;
e) Usar adequadamente os materiais/instrumentos durante todo o processo de avaliação, intervenção e avaliação de resultados;
f) Delinear com o cliente/família os objectivos de intervenção, desenvolver um plano de intervenção dirigido para os mesmos, implementá-lo e observar os resultados a curto e a médio prazo;
g) Identificar clientes nos clientes que chegam à consulta de Terapia Ocupacional, a necessidade de outros cuidados de saúde e sinaliza-los para os demais serviços;
h) Criar espaços terapêuticos que vão de encontro às necessidades/interesses dos clientes;
i) Realizar estudos de caso em Terapia Ocupacional, recorrendo ao método científico de modo a melhorar o processo terapêutico;
j) Trabalhar em equipa multidisciplinar e intersectorial;
k) Produzir relatórios regulares das suas actividades e remeter ao responsável do serviço/instituição;
l) Realizar acções de sensibilização/formação sobre temas/abordagens especificas da Terapia Ocupacional;
m) Desenvolver investigação na área especifica da Terapia Ocupacional

2. Na Comunidade
a) Elaborar projectos sustentáveis com impacto no cliente e na comunidade;
b) Implementar acções e projectos de reabilitação baseada na comunidade (RBC), com vista à promoção da participação dos membros da comunidade, através do envolvimento em ocupações significativas, com impacto na sua saúde e bem-estar;
c) Promover o empoderamento das Comunidades através da participação comunitária;
d) Dinamizar palestras sobre o empoderamento, promoção de saúde, o equilíbrio ocupacional e a participação.

5. Todos os Terapeutas Ocupacionais Independentemente da sua Área de Interesse devem:
a) Ter a capacidade de partilhar os seus conhecimentos com os outros profissionais, criando uma equipa multidisciplinar, de forma a melhorar todo o sistema envolvente;
b) Ser um profissional que desenvolve relações recíprocas com os seus colegas de trabalho, baseadas no respeito pelo trabalho de cada um;
c) Ser um profissional que atende através da sua área de intervenção sob a aplicação dos seus conhecimentos científicos e respeitando os princípios deontológicos da sua profissão;
d) Um profissional que deve ter a preocupação pela auto-formação e pela formação contínua para uma melhoria das condições oferecidas pelo serviço;
e) Ir de encontro às necessidades ocupacionais e interesses do cliente em todo processo e abordagem.

Retirado de: TDR do Terapeuta Ocupacional. Departamento de Saúde Mental do Ministério da Saúde de Moçambique

Terapia da Fala e Necessidades Educativas Especiais



O Terapeuta da Fala é um profissional de saúde responsável por pesquisa, prevenção, avaliação, intervenção, aconselhamento e estudo científico na área da comunicação humana e perturbações associadas, verbais e não verbais, voz, sistema nervoso e órgãos sensoriais, musculatura facial, articulação verbal, linguagem, leitura e escrita, gaguez e patologias diversas.
Neste momento vive-se em Moçambique um despertar da atenção para o atendimento à pessoa com deficiência, nas mais diversas esferas da sociedade. No caso em particular da educação o país está a empenhar esforços para melhorar a estratégia da educação inclusiva, para a qual necessita de contar com técnicos especializados que apoiem os professores no atendimento à criança com necessidades educativas especiais[1].
A Terapia da Fala, como meio de intervenção específico para a Comunicação, Linguagem, Fala e Deglutição, surgiu nos Estados Unidos da América (EUA), para reabilitação dos soldados de duas guerras dos EUA (II Guerra Mundial e Vietname). Era uma terapia virada para a recuperação de capacidades perdidas em utentes adultos e virada essencialmente para a recuperação da Fala.
Resultado da evolução das práticas e da investigação, passou a adoptar-se uma perspectiva holística e integrativa que aborda o indivíduo na dimensão da comunicação e não só na fala, que é apenas uma das vertentes da comunicação humana.
A Comunicação Humana existe desde sempre e os homens das cavernas, com seu cérebro rudimentar, comunicavam através de gestos, posturas, gritos e grunhidos, assim como os demais animais não dotados da capacidade de expressão mais refinada.
A evolução ditou que o homem aprendesse a relacionar objetos de uso diário e a criar utensílios para caça e proteção. Estes conhecimentos terão sido passados aos seus pares, através de gestos e repetições, criando assim, uma forma primitiva e simples de linguagem.
Com o tempo, essa comunicação foi adquirindo formas mais claras e evoluídas, facilitando a comunicação não só entre os povos de uma mesma tribo, como entre tribos diferentes. As primeiras comunicações escritas (desenhos) de que se têm notícias são das inscrições nas cavernas 8.000 anos a.C.
Assim o âmbito da intervenção do TF abarca todos os aspectos da comunicação humana, oral e escrita.
Em Moçambique e nas restantes ex-colónias Portuguesas a Terapia da Fala é uma área nova. Ao longo da História e após a libertação nacional, a tónica foi sempre dada às questões físicas, mais visíveis na avaliação das necessidades. Posteriormente foi necessário dar resposta a casos de traumatismos crânio encefálicos e outros com comprometimentos em funções comunicativas e deglutição, mas sem recursos humanos especializados. Os recursos sempre foram escassos e a reabilitação acontecia essencialmente com tónica na componente motora e em parte na componente social, essencialmente pela contribuição das organizações e congregações religiosas a operar no país.
Assim, o Terapeuta da Fala será o profissional adequado para:
 
  • Desenvolver competências para apoiar os indivíduos a desempenharem actividades funcionais, de comunicação, autonomia e participação social com qualidade de vida e dignidade;
  • Utilizar o processo de prevenção, avaliação, intervenção, orientação e encaminhamento, sempre que possível numa dinâmica de trabalho em equipa com outros profissionais e famílias;
  • Iniciar o processo de prestação de serviços de Terapia da Fala pela avaliação das necessidades, problemas e preocupações do paciente/cuidadores, aplicação de instrumentos de avaliação formal e informal, elaboração do plano de intervenção e orientações aos interlocutores privilegiados do paciente e/ou outros profissionais da Saúde, Educação e/ou Acção Social.
  • Utilizar técnicas de metodologias de intervenção fundamentadas e sistematizar toda a informação obtida ao longo do processo, mantendo um espírito de investigação sobre novas forma de avaliação e de intervenção;
  • Identificar e actuar sobre as necessidades de formação contínua como função de crescimento e manutenção de competências profissionais;
  • Elaborar um trabalho de pesquisa individual ou em grupo com vista a uma melhor compreensão dos problemas inerentes à área de Terapia da Fala;
  • Colaborar na administração e gestão do departamento onde está integrado;
  • Colaborar na formação de pessoal da saúde;
  • Desenvolver acções de sensibilização, de esclarecimento e de aconselhamento junto dos utentes e seus familiares, de outro pessoal da saúde e da comunidade em geral;
  • Planear e executar programas de intervenção utilizando, entre outros meios, técnicas específicas de desenvolvimento de competências comunicativas, de reeducação da musculatura oro facial, de processamento auditivo, de modificação comportamental, de reeducação pneumo fónica, de auxílio à deglutição atípica e outras.
  • Colaborar na identificação e resolução dos problemas da comunidade relativos à deficiência, à incapacidade e à inadaptação.
  • São profissionais que poderão exercer as suas actividades de Terapia da Fala em instituições Educativas, Serviços de Acção Social, Departamentos de Investigação e Ensino e Unidades Sanitárias de complexidade variada, desde o nível primário até ao quaternário, tais como: Hospitais Centrais e especializados; Hospitais Provinciais; Hospitais Gerais e Rurais; Centros de Saúde; Clínicas Privadas; Centros de Reabilitação especializados; Centros de Acolhimento de pessoas com deficiência; Escolas Inclusivas; Escolas de educação especial; Lares de terceira idade; Orfanatos; Creches ou Infantários; Ensino e investigação em instituições do ensino médio e superior; Instituições particulares de solidariedade social; Hospitais Militares; Cuidados Domiciliários e intervenção comunitário


[1] Perfil Profissional dos Terapeutas da Fala elaborado pelo C.P.L.O.L. (Comité Permanent de Liaison des Orthophonistes-Logopèdes de L’Union Européénne).